sexta-feira, 2 de maio de 2008

Isso é um conto de 10 segundos.

- Como pude ser patética? Como pude ser submissa? Como pude me ausentar de mim nesse tempo todo?

A voz falava. Mas na verdade não era uma "voz", era um grito. Um grito que gemia em silêncio, no interior de cada pergaminho vivo de carne, célula, sangue e DNA transvertido naquela matéria: uma moça.

- Como pude?

Suplicava por respostas, nada vinha.

Um dia um alquimista descobriu, através da nobreza do fogo, que podia derreter bronze e prata.
Um dia a galáxia foi descoberta, assim como qual, cada estrela vista resumia-se, únicamente aqui na Terra, à milhares de anos luz.
Um dia um peixe precisou ser pescado para que a moral dos homens fosse elevada à Nível de um Deus tão incrédulo quanto os seus gejuns.
Um dia alguém precisou duvidar para compreendar que para tudo se há uma resposta, tão como, para cada resposta, existe, definitivamente, uma dúvida.

- Viagem para Paris! é elegante. Mas é tão fútil.

Um dia a necessidade em emancipar flores, foi tão divina quanto um sopro. Um dia alguém se perguntou: Por que? ou até mesmo, porque EU ?

Uma moça, um degrau, ou uma sacada. Tudo apontava ao suícido, mas o grito falava. O grito ecoava, e dizia "Futter selbst".

Futter selbst, Futter selbst. Oh Deus! Ela estava a um passo de descobrir que era linda, e que não precisava mais de marcas em seu corpo, nem de choques elétricos psicológicos e moralistas em sua Mente. Ela estava linda, precisava alimentar-se. Não mais se renderia, nem a salvação.


Tudo era um campo verde, úmido, com cheiro de terra: via-se plaquinhas e blocos brancos sobre ele.
Mas tudo era lindo: ela havia enterrado-se. Ou mais: ela havia enterrado o que haviam falado para ela o que ela era no mundo. E pronto: tudo era lindo.

Ela alimentou-se pela primeira vez. Ela sorriu. Ela viveu, ela vive.

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